Destaques do segundo dia de Web Summit Rio 2024
Após um primeiro dia de bastante sucesso, e com temas voltados, principalmente, à evolução da inteligência artificial nos últimos anos, o segundo dia de Web Summit Rio teve grande foco na produção de conteúdo e de influenciadores. Além disso, a experiência digital para aplicativos fez parte de muitas discussões durante o dia, juntamente com a necessidade de expandir os produtos e serviços para mais de um canal.
A organização do Web Summit trouxe mais alguns números do evento de 2024: ao total são 1.066 startups de 42 países ao redor do mundo para expor as suas ideias e negócios no Web Summit Rio — dessas, 31 indústrias estavam sendo representadas. Ao longo do evento, serão 518 palestrantes, que falarão nas mais de 15 faixas, em nove palcos diferentes. No total, estima-se que 500 investidores passem nos três dias em busca de um negócio disruptivo.
A cobertura do evento também chama a atenção, visto que estão previstos cerca de 844 meios de comunicação, como Globo, The New York Times, CNN, Reuters e Bloomberg.
TikTok e o poder de criar comunidades
Em uma das primeiras palestras do dia, no palco principal do Web Summit, Gabriela Comazzetto, Global Business Solutions do TikTok na América Latina, trouxe insights sobre o impacto da rede social — que ela fez questão de desvincular a expressão da empresa — nos pilares de inovação, consumo e comportamento. Comazzetto destacou como a plataforma democratiza a cultura e promove uma publicidade fluida, baseada em histórias autênticas e conexões genuínas com a comunidade.
Mais do que uma “rede social”, o TikTok emergiu como um espaço de cocriação, pertencimento e expressão, impulsionando novos movimentos culturais Um exemplo trazido pela executiva foi como houve uma revolução no sentido de publicidades. Se antes o normal era uma venda que interrompia a programação normal, independentemente do canal, hoje o TikTok consegue fornecer esse tipo de propaganda de maneira muito mais orgânica por meio da criação de conteúdo dos creators.
Na visão de Gabriela, inclusive, essa é uma revolução do marketing boca a boca, como no caso de Carmed Fini, que viralizou no TikTok e expandiu-se para todo Brasil: o que havia de produtos previstos para serem vendidos em seis meses, foi esgotado em apenas 15 dias. O poder viral fez uma grande transformação na estratégia de diversas marcas.
Na visão de Gabriela, hoje é muito mais perceptível como o varejo é influenciado pelo senso de comunidade. São pessoas reais que impulsionam a cultura, pois todo mundo consegue participar das conversas. E as marcas perceberam como essa entrada é relevante para geração de confiança, credibilidade e comunicação com o seu público.
Hoje não importa quantos seguidores você tem. O seu vídeo pode viralizar e atingir milhões de pessoas, basta ele ter a relevância certa e a história que as pessoas pretendem contar. Todo mundo faz parte de uma comunidade, então, você tem o quê falar para qualquer tipo de pessoa. Mas, precisa ser autêntico. O TikTok é menos sobre filtros e mais sobre a vida real.
Conteúdo entre canais: mais do que uma necessidade, uma realidade
Lucas Neto, criador de conteúdo, empresário e ator, falou ao lado de Roberto Grosman, CTO do SBT, e Christian Rôças, CEO da Flint. O papo rondou muito na variabilidade de canais e de todo potencial que as marcas podem conseguir ao ampliar o leque de canais. E isso vale para o entretenimento, para o varejo, para as comunicações com os clientes e para diversos outros tipos de estratégia.
Mais do que nunca, as pessoas querem diversidade e possibilidades. Foi-se a era de que, para ver um programa de TV, você precisava ligar a TV. Pode parecer uma explicação simples, mas a criação de ecossistemas complexos ainda é uma dificuldade para muitas empresas. Lucas Neto explicou que antes tinha um projeto menos ambicioso, com os seus vídeos no YouTube. Mas percebeu que isso poderia ampliar de forma mais saudável, já que, por meio de algoritmos, as crianças poderiam chegar a conteúdos inapropriados. Por isso, começou a apostar em novas frentes, como licenciamento para brinquedos infantis e, agora mais recentemente, programas na televisão aberta, voltados às crianças. A sua produtora, Luccas Toon Studios, trabalha sempre com diversas possibilidades para que consiga expandir mais público e não ficar refém apenas de um canal.
Christian Rôças, do SBT, fez a mesma analogia, no entanto, usando a televisão aberta e como o canal pode ser um ecossistema muito mais completo do que apenas um produto televisivo. A estratégia do SBT em trazer programas digitais para a televisão, como os tradicionais podcasts, faz parte de uma análise que a emissora fez para conseguir atrair um público específico que não tinha, ou ainda não tem, o hábito de consumir produtos televisivos.
Coletividade e representatividade
Mariana Saad, fundadora do Mariana Saad Beleza, Rafaela Gontijo, CEO da Nuu Alimentos, Fiorella Mattheis, CEO da Gringa, e Luiza Nolasco, General Manager da START by WGSN, falaram sobre a redefinição do empreendedorismo no Brasil, principalmente pelo ótica das mulheres.
Mariana, por exemplo, destacou a importância da coletividade e representatividade no mercado, incentivando a colaboração entre mulheres e valorizando a história por trás das marcas. Hoje não é mais “vou criar uma marca, vender produtos e ganhar dinheiro”. As gerações mais atuais, como a Z, estão muito mais preocupadas com o storytelling da sua marca, com o histórico do que você preza e do que você planeja, do que com o produto que você vende. O produto é a última ponta de algo que precisa estar muito mais amarrado.
A CEO da Gringa trouxe um dado muito importante: segundo ela, menos de 5% das startups no Brasil são fundadas por mulheres. Mais do que isso: nos últimos 10 anos, esse número só cresceu 0,03%. No evento, por outro lado, foi anunciado um dado histórico: 45% de startups em seu programa de startups foram fundadas por mulheres. De acordo com a própria organização, esta é a maior proporção em qualquer evento do Web Summit em âmbito global, e mais que o dobro da proporção que houve no Web Summit Rio 2023. Ou seja, apesar dos desafios e de ainda existir muito a ser melhorado nesse sentido, há uma sinalização positiva para o início de uma mudança.
Outro dado para reforçar a representatividade feminina do evento foi que, dos mais de 36 mil participantes no Web Summit, 47,5% são mulheres, e 39% dos palestrantes são mulheres.
E-commerce e a inteligência artificial: o futuro é logo ali
A ascensão do e-commerce tem sido uma força transformadora na economia global, principalmente nos últimos anos. No entanto, um novo elemento tem ganhado destaque nesse cenário: a inteligência artificial (IA). Durante uma palestra do Web Summit Rio 2024, especialistas discutiram as implicações da IA para o futuro do e-commerce.
Tiago Dalvi, CEO da Olist, enfatizou a importância da IA na evolução do comércio eletrônico, tornando-se um sistema profissional para tomada de decisões diárias e agregando valor aos clientes. Guilherme Nosralla, co-founder da Merama, destacou a capacidade da IA de permitir que empresas menores expandam seus negócios de forma eficiente, seja por meio da performance de plataformas ou mesmo em comunicações com clientes.
No entanto, surgiram questões sobre se a IA é uma escolha no varejo. Dalvi ressaltou que considerá-la uma opção é limitar-se, pois ela é fundamental para oferecer valor aos clientes de maneiras inimagináveis anteriormente. Apesar das oportunidades, há desafios éticos e regulatórios, como a transparência no uso de dados.
A capacidade de tomar decisões inteligentes e personalizar experiências está redefinindo o cenário do comércio eletrônico. O desafio para os varejistas está em encontrar o equilíbrio entre o uso da inteligência artificial e a ética nos negócios, protegendo os interesses e a privacidade dos clientes. Plataformas de experiência digital podem ser grandes aliadas nesse processo, centralizando dados de diferentes canais e transformando-os em informações para embasar a tomada de decisões e fazer comunicações mais eficazes, com o apoio da IA e respeitando a LGPD e as legislações vigentes.
Como conclusão da palestra, entende-se que o futuro do e-commerce será moldado pela capacidade das empresas de aproveitar as oportunidades oferecidas pela IA enquanto garantem a transparência e a ética em suas operações.
Imagem palestra TikTok: Amanda Melo | Divulgação oficial