4 lições do Web Summit 2024 para o e-commerce
Todos os anos, Lisboa recebe milhares de profissionais ligados ao setor de tecnologia para o Web Summit. Em 2024, o principal evento de inovação e tecnologia da Europa bateu recorde de público, com mais de 71,5 mil participantes de 153 países – e um destacado contingente brasileiro.
Reunindo mais de 3.000 startups e quase mil palestrantes, o evento trouxe insights relevantes para o e-commerce em todo o mundo. Da evolução da Inteligência Artificial às novidades com experiências imersivas, o evento descortinou um futuro ao mesmo tempo desafiador e estimulante.
Mais do que isso, o evento é uma grande oportunidade de estar por dentro de tendências para diversos segmentos, como Commerce, Experiências Omnicanais, tendências para Marketing de Influência.
Confira, agora, as 4 lições que o Web Summit Lisboa 2024 deixa para o e-commerce brasileiro e mundial.
4 lições do Web Summit Lisboa 2024 para o e-commerce
1. Tudo passa pela Inteligência Artificial
O desenvolvimento de soluções de Inteligência Artificial (IA) continua sendo um tema dominante das conferências de tecnologia – e no Web Summit não foi diferente. Mas, ao mesmo tempo em que se discute o tema de uma forma quase filosófica, surgem aplicações importantes para o e-commerce.
Para Jack Conte, co-fundador e CEO da Patreon, estamos vivendo a fase do “Velho Oeste” em relação à IA. “Sempre que vemos uma nova tecnologia surgir, há um período em que todo mundo tenta entender como se posicionar. Nessa fase há poucos resultados práticos e quem ganha dinheiro é o fornecedor de soluções”, explicou.
Isso valeu para a corrida do ouro, em que vendedores de picaretas ganharam mais dinheiro que a maioria dos garimpeiros – e é um alerta para o atual momento da IA. “Sete em 10 projetos de IA estão travados na fase piloto. E isso costuma acontecer porque os riscos de errar são grandes demais”, comenta Philip Rathie, CTO da Neo4j.
A solução para fazer IA acontecer no negócio, então, é diminuir os riscos – seja usando plataformas que já adotaram a tecnologia, seja testando em sistemas que possam trazer resultados rapidamente. “Não seja tão ambicioso logo de início. Em vez disso, encontre projetos na empresa onde seja possível obter ganhos fáceis, e evolua a partir daí”, acrescenta.
Para quem tem e-commerce, as experiências interligadas entre o físico e o digital fazem a diferença são potenciais para o uso de IA, entendendo que as personalizações convertem mais. A Wake, por meio da sua vertical de Experience, possui a BeMax, uma inteligência comportamental, que oferece uma visão unificada e omnichannel da sua base de contatos, sem duplicidade. Com isso, é possível compreender o comportamento do cliente para personalizar suas interações, criar estratégias de marketing mais eficazes e uma experiência otimizada para o seu público.
Retomando o assunto de projetos práticos, a grande novidade do Web Summit foi o anúncio, pela gigante chinesa Alibaba, da plataforma Accio, que utiliza IA Generativa para acelerar os processos de procurement B2B nas empresas. O sistema cria páginas de produto por meio de IA, resume as informações dos fornecedores e cria listas de compra rapidamente, funcionando como um agente de compras nas empresas.
“Queremos ajudar os empreendedores a se conectar com os fornecedores e facilitar a realização de negócios, inclusive entre empresas de países diferentes”, disse Kuo Zhang, presidente do Alibaba.com.
2. Seja obcecado pelos clientes
A IA pode ser o grande assunto do momento, mas esse não é o ponto mais importante quando se trata de atender bem o consumidor. Por melhor que seja a tecnologia, ela é uma ferramenta – e não adianta você ter um martelo se precisa apertar um parafuso.
Por isso, é preciso ter sempre em mente que, no fim das contas, quem determina o sucesso do seu negócio é o cliente. “O consumidor determina quem será vencedor. Por isso, seja obcecado por entendê-lo e antecipar suas necessidades”, disse Amman Ahmed, fundador da Music for Pets.
O uso de dados é essencial para obter mais informações sobre o que gera respostas positivas dos consumidores. Por isso, é preciso desenvolver uma plataforma de dados dos clientes (Customer Data Platform – CDP). Negócios que concentram seus dados em uma CDP criam uma visão única do seu público e conseguem desenvolver ações integradas em múltiplos canais, no que é o verdadeiro Unified Commerce.
3. Faça seu negócio ser parte da cultura
O varejo não acontece em um vácuo, isolado de questões culturais. Na verdade, ele molda e é moldado pela cultura de cada país, região ou comunidade. Isso porque ir às compras mostra quem é o consumidor e o que ele almeja. Comércio é identidade e, por isso, é uma força cultural.
Para Frank Cooper, diretor de marketing da Visa, que palestrou em um dos palcos do Web Summit, as marcas precisam deixar de ser sinônimo de produtos para se tornarem fenômenos culturais. “Quando isso acontece, o negócio estabelece um vínculo poderoso com os clientes e ganha autorização para participar de mais momentos da jornada”, afirma.
Quem reforçou essa visão foi o músico Pharrell Williams. “As pessoas têm sonhos que querem realizar. Os negócios podem ajudar cada pessoa a chegar lá, mas para isso, é preciso se deixar influenciar pelo que acontece no mundo”, afirma. Acessar a cultura local é, em última instância, entender as pessoas. “Todos nós somos a cultura, somos as mudanças e a inspiração. Se, em tudo o que fizermos, tivermos o fogo da mudança, poderemos levar outras pessoas a caminhar conosco”, acredita.
4. Vêm aí os negócios imersivos
A produção de conteúdo passará por uma revolução impulsionada pela IA. Os custos de desenvolver e disseminar conteúdo aumentam ano a ano, mas, com a Inteligência Artificial ganhando escala, tudo poderá ficar mais acessível, abrindo diferentes oportunidades para os negócios.
Para Sam Huber, CEO da Infinite Reality, o barateamento da construção de conteúdo por causa da IA viabilizará a ideia de universos imersivos. Mas será que agora o Metaverso vai? “Com cada vez mais poder computacional e a aceleração da criação de conteúdo via IA, a internet se tornará mais imersiva, o que poderá transformar o e-commerce como o conhecemos hoje”, projeta o executivo.
Para ele, o futuro do e-commerce é ser personalizado – hoje, é “one to many”, de um para muitos. “Em pouco tempo, será possível, a um custo acessível, oferecer experiências completamente diferentes para consumidores com necessidades e desejos bem diversificados. E isso muda tudo no varejo digital”, completa.