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Fórum ECBR 2025: Do feed ao checkout — o varejo com influência

Juliana Rocha
Hora Post 4 min de Leitura
Data Post 30 de julho de 2025

A sala de conteúdo da Wake no Fórum ECBR começou com uma conversa direta e inspiradora sobre o papel da influência nas estratégias de venda. O painel “Do feed ao checkout: varejo com influência” reuniu Julia Affonseca, Diretora de Negócios e Operações da Wake Creators, Shantal Verdelho, Criadora de conteúdo digital e dona da Zion, marca de jóias, e Afonso Henrique, Executivo comercial Wake Creators, para debater como marcas e influenciadores podem construir jornadas de consumo mais autênticas, criativas e eficientes.

A comunidade como ponto de partida, não de chegada

Shantal, que além de influenciadora também empreende no mercado de luxo com sua marca de joias, a Zion, compartilhou um olhar estratégico sobre o uso da própria audiência. Segundo ela, a comunidade é um ponto de partida fundamental — mas não é suficiente para sustentar o crescimento da marca.

“O meu público é o começo, mas eu preciso de outros influenciadores para avançar nesse ecossistema. Eu tenho lojas para sustentar, preciso ativar novas audiências para escalar a marca”, afirmou.

Afonso complementou ao destacar que a lógica de influência hoje vai além da transação e se conecta ao comportamento. Para ele, a construção de marca exige um olhar mais profundo: “Sua venda não começa em novembro, começa agora. Você precisa fomentar a sua comunidade para fidelizar e gerar vendas contínuas.”

Criatividade sem amarras e influência com propósito

Um dos pontos mais discutidos foi a necessidade de liberdade criativa nas campanhas. Ambos criticaram os processos “engessados” vindos de agências ou parceiros que, por medo do erro, acabam bloqueando a autenticidade do influenciador.

“Quanto menos quadrada você conseguir ser e mais vida colocar na sua marca, mais você vai vender”, disse Shantal.

Afonso reforçou: “O consumidor não é bobo. Ele sabe quando está diante de uma campanha genuína ou de um briefing que não respeita o criador. A virada de chave está na cocriação.”

A tecnologia como aliada (e não como padrão)

A Inteligência Artificial também entrou em pauta — não como substituta, mas como ferramenta. Tanto Shantal quanto Afonso destacaram que a IA pode ajudar a estruturar ideias, agilizar roteiros e segmentar audiências. Mas padronizar não é o caminho.

“Eu uso IA para pedir um roteiro, mas não para seguir à risca. Ela me ajuda a construir o meu conteúdo com mais rapidez”, explicou Shantal. Afonso completou: “A IA vem para apoiar, mas a autenticidade continua sendo o que move resultado.”

Muito além do publipost

A métrica do engajamento ainda importa, mas não é mais o único termômetro de sucesso. Os painelistas defenderam que o influenciador é um elo estratégico de conversão, especialmente quando entende de vendas.

“Se eu pudesse dar um conselho para influenciadores, seria: façam um curso de vendas. Não dá para ter controle total, mas eu tenho fama de vender bem porque entendo do processo, do produto, do atendimento, do checkout”, afirmou Shantal.

Afonso completou: “As pessoas compram porque confiam no creator. Não é só sobre audiência, é sobre a credibilidade construída com a comunidade.”

O que torna uma campanha memorável?

Na reta final do painel, os convidados refletiram sobre campanhas que marcam o público. A resposta foi unânime: autenticidade, continuidade e relevância.

“Com tanta informação o tempo todo, só algo disruptivo — e bem feito — fica na memória. O case da Jaguar é um exemplo. Gerou debate global. A rede social é essencial para isso”, explicou Shantal.

Eles também apontaram o poder dos bastidores: o conteúdo espontâneo, que humaniza o processo e aproxima o público. “A Shantal pergunta o que o público quer ver. Isso transforma o influenciador em líder e embaixador da marca”, concluiu Afonso.