Dia 01 na NRF 2025: 5 pontos que mudam tudo no varejo
O primeiro dia da NRF Big Show 2025, o principal evento de varejo do mundo, trouxe uma amostra do que pode ser o futuro dos negócios, ao mesmo tempo em que apresentou um alerta importante para quem acha que essa será uma jornada simples e sem sobressaltos.
Abaixo, listamos 5 insights, o que de melhor aconteceu nos pavilhões do Jacob K. Javits Convention Center:
5 insights do 1º dia da NRF 2025
1 – Só tem sucesso quem tem uma estratégia clara
Existem inúmeros caminhos para o sucesso no varejo. É possível se destacar atuando no mercado de luxo, mas também é possível prosperar na venda de produtos de baixa margem. É possível competir pela atenção dos clientes, ou entregar tanta conveniência que a compra se torna praticamente invisível.
Seja qual for o caminho para o sucesso, porém, ele depende de existir uma estratégia clara de atuação do negócio. É o que a Starbucks, desde 2024 em uma nova reestruturação, vem buscando fazer para recuperar sua aura. “Nosso time tem o propósito de entregar uma experiência consistente em qualquer lugar do mundo”, disse Deb Hall Lefevre, VP executiva e Chief Technology Officer da Starbucks.
No caso dela, 5 princípios guiam a tomada de decisões:
- Ter um mindset global;
- Ter escala e agilidade para crescer;
- Ser orientado a valor, gastando muito bem cada centavo;
- Utilizar tecnologias confiáveis;
- Ser um grande lugar para trabalhar.
2 – O consumidor é sempre o mesmo
Não importa qual seja o canal de relacionamento, o consumidor é sempre o mesmo – e deve ser visto de uma forma unificada. “Oferecer uma experiência consistente em qualquer canal faz toda a diferença”, afirma Deb Hall Lefevre, da Starbucks. “Ainda não chegamos lá, mas estamos no caminho”, acrescenta.
Na Levi’s, parte da transformação digital do negócio envolve empoderar os parceiros de negócios. “Queremos que os atacadistas e distribuidores parceiros se tornem varejistas omnichannel. Isso fará com que todo o ecossistema enxergue o cliente como único”, afirma Jason Gowans, VP Senior da Levi Strauss & Co.
3 – O colaborador é seu primeiro cliente
Cuidar das pessoas é fundamental – e quanto mais tecnologia aplicada ao negócio, maior a importância de bons profissionais. A Levi’s trabalha sua estratégia com base em 3 fontes de geração de valor: experiência do cliente, experiência dos colaboradores e plataformas de dados que dão suporte a ambos.
“Nosso negócio cresce há 10 trimestres, e esse drive é dado pelos talentos que temos na empresa. Eles atuam com excelência e acreditam na nossa estratégia. O sucesso nasce daí, pois a partir das pessoas podemos focar nos fundamentos do negócio, na evolução do sortimento e na criação de experiências digitais”, comenta Gowans.
4 – Tech, mas sem pirotecnia
Contar com tecnologia é fundamental, mas não comece pelo que é hype ou ultra sofisticado. Em vez disso, resolva os problemas do negócio. “O mais importante é ter uma tecnologia que funcione. Qualquer sistema precisa ser confiável, fácil de usar e seguro, para melhorar o desempenho do negócio”, comenta Deb Lefevre, da Starbucks.
Na Levi’s, a transformação digital do negócio também partiu de aspectos bem pouco glamourosos. “A velocidade do site é um assunto em que nos debruçamos nos últimos dois anos. De lá para cá, melhoramos o desempenho em 50% e continuamos trabalhando muito em coisas básicas do negócio”, diz Gowans.
Em outra apresentação, American Girl e Reebok falaram sobre estratégias de marketing e comunicação com o cliente. E a tônica foi o uso de ferramentas já consolidadas no mercado, como o marketing de influência e o uso das redes sociais de uma forma bem humorada para conquistar consumidores.
“Fazemos muitos vídeos no YouTube, pois esse é um canal muito bom para alcançar homens com filhos. Já as mídias sociais têm sido excelentes para chegar ao público feminino. Entendemos como o público se comporta e então entregamos o que cada perfil busca”, conta Jamie Cygielman, VP Sênior da American Girl. “A conexão com os consumidores passa hoje pelo digital. Não precisamos reinventar a roda”, diz Ivy Solari, VP de Comércio Digital da Reebok.
5 – IA, a nova fronteira
Mas é claro que o primeiro dia da NRF Big Show falou de Inteligência Artificial. E bastante, desde a abertura com Azita Martin, vice-presidente da NVIDIA, passando por citações em praticamente todos os painéis do evento.
“A IA Generativa será a tecnologia mais transformadora que verei na vida – e já passei pela internet e pela computação em nuvem”, disse Deb Lefevre, da Starbucks. “Estamos entrando em um ciclo de mudanças dramáticas nos negócios, impulsionadas pelo uso de IA”, comentou Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail.
A promessa é de aumento de produtividade e precisão nas informações, com a possibilidade de obter personalização em escala a partir de muita automação e do empoderamento das equipes. Na brasileira C&A, a Inteligência Artificial é usada em precificação dinâmica, fazendo 1 milhão de cálculos por minuto para entregar preços que o consumidor considere interessantes e mantenham a saúde financeira do negócio.
Os resultados já têm aparecido: a varejista tem visto sua margem bruta crescer nos últimos 13 trimestres, enquanto nos últimos 6 trimestres as vendas tiveram crescimento de dois dígitos. A geração de caixa também aumentou, abrindo mais recursos para serem investidos no negócio. “Essa é a beleza da IA: é um processo que traz ganhos que realimentam o próprio business”, completa Paulo Correa, CEO da C&A.