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Creator Economy: quando a realidade encontra os números

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Matheus Silva
Hora Post 8 min de Leitura
Data Post 30 de abril de 2025

A Creator Economy vive um momento de forte expansão no Brasil e no mundo, impulsionada pela importância cada vez maior das redes sociais como canal de comunicação, interação e geração de jornadas de compras. Com mais de 14 milhões de criadores no Brasil e projeções da Goldman Sachs de que o mercado global deve chegar a US$ 480 bilhões até 2027, esse é um dos segmentos mais promissores de todo o ecossistema digital.

O Censo de Criadores de Conteúdo 2025, produzido pela Wake Creators, mostra que a realidade financeira dos influenciadores digitais vem sendo marcada por grandes contrastes, por muitas oportunidades e por imensos desafios, que criam uma imagem bem diferente daquela de sucesso e glamour projetada pelas redes sociais.

Este é o segundo de uma série de 4 textos que trará detalhes sobre o Censo de Criadores de Conteúdo no Brasil (confira o primeiro texto aqui). A influência vai muito além da visibilidade e da criatividade na comunicação das marcas – seu verdadeiro impacto está na proximidade, no engajamento sincero e na capacidade de conectar comunidades, fortalecendo laços e criando relações significativas com o público.

A Creator Economy oferece grandes oportunidades, com um grande potencial

Existem diversos motivos, todos eles excelentes, para o crescimento do interesse pela Creator Economy. Marcas que percebem a chance de desenvolver relacionamentos mais próximos com seus clientes e criadores de conteúdo que veem a possibilidade de obter a independência financeira e construir carreira por meio da influência digital movimentam o mercado e criam grandes possibilidades para o futuro:

1. Expansão e relevância do mercado

O crescimento do marketing de influência é nítido e inegável. Marcas de todos os portes investem cada vez mais em parcerias com criadores de conteúdo para construir reputação e engajamento junto ao público. O impacto dos creators vai além da visibilidade: eles criam comunidades, ditam tendências e influenciam comportamentos de consumo, tornando-se peças-chave na comunicação das marcas com os consumidores.

2. A potência dos Micro e Nano Influenciadores

O Censo de Criadores de Conteúdo da Wake Creators mostra que, ao contrário do senso comum, a Creator Economy brasileira é majoritariamente formada por micro e nano influenciadores – os criadores com até 100 mil seguidores representam 83% do total de creators do país. Eles se destacam pela autenticidade e pela proximidade com o público, gerando até 22 vezes mais conversas sobre produtos do que consumidores comuns. Essa conexão genuína é altamente valorizada pelas marcas, pois cria comunidades, gera aumento da conversão e fideliza mais clientes.

3. Diversidade de plataformas e formatos

Os criadores brasileiros dominam múltiplas plataformas, com destaque para Instagram (97%) e TikTok (79%), além de YouTube, Facebook e Kwai, que também têm relevância em diferentes faixas etárias. O formato preferido de criação de conteúdo são os vídeos curtos, com até três minutos de duração, que atendem tanto às exigências dos algoritmos quanto às preferências do público. Essa versatilidade amplia as oportunidades de monetização e de alcance de diferentes audiências.

4. Autonomia, inspiração, satisfação profissional

A maior parte dos criadores gerencia a própria carreira, o que proporciona autonomia, flexibilidade e senso de realização. Sentimentos como inspiração (50%) e diversão (47%) são recorrentes entre os creators, mostrando que, apesar dos desafios, muitos veem valor e propósito em sua atuação. O trabalho permite liberdade criativa, construção de marca pessoal e a possibilidade de transformar paixões em profissão.

5. Engajamento e construção de comunidades

Os influenciadores são reconhecidos por sua capacidade de engajar comunidades e fortalecer laços entre seguidores. Essa habilidade de criar conexões reais é um diferencial competitivo, especialmente em nichos, nos quais a confiança e a autenticidade são fundamentais para o sucesso. O fortalecimento de comunidades também abre portas para monetização por meio de produtos próprios, cursos, eventos e outras iniciativas que vão além da publicidade tradicional.

6. Perspectivas para novas gerações

A Geração Z se destaca pelo maior domínio das ferramentas digitais e por conseguir, proporcionalmente, monetizar mais do que outras faixas etárias. Jovens entre 18 e 26 anos têm mais capacidade de transformar influência em profissão, sinalizando uma tendência de amadurecimento e profissionalização do setor nos próximos anos.

Hora de falar dos desafios da Creator Economy

Ao mesmo tempo em que existem oportunidades, esse é um mercado em crescimento e o potencial de conexão com o público é imenso, os desafios são grandes. Nem todo mundo terá sucesso em uma carreira como criador de conteúdo, e para muitos, o sonho continuará sendo apenas um sonho.

É preciso estar atento a 6 grandes desafios que impactam a vida dos criadores de conteúdo brasileiros e podem ter grande variabilidade na Creator Economy:

1. Monetização restrita e instabilidade financeira

Apesar do crescimento da Creator Economy, apenas 9% dos criadores brasileiros têm a produção de conteúdo como única fonte de renda. A maioria realiza campanhas pontuais, aceita permutas (67%) ou sequer recebe por trabalhos realizados (19% nunca fecharam trabalhos remunerados). Com isso, muitos criadores precisam conciliar outras atividades profissionais ou estudos, o que evidencia a dificuldade de viver exclusivamente da influência digital.

2. Baixa remuneração média

A renda da maioria dos influenciadores está distante da imagem de luxo e tranquilidade financeira: 31% dos criadores entrevistados no Censo ganham entre R$ 2 mil e R$ 5 mil por mês, enquanto menos de 2% ultrapassam os R$ 50 mil mensais. Cerca de 40% recebem até R$ 1.000 mensais com suas criações digitais e 26% não ganham nada. Existe, claramente, uma “classe média creator”, que paga as contas, mas está longe dos cachês milionários que circulam nas redes e povoam a imaginação popular.

3. Muitas permutas, poucos contratos formais

A permuta é a principal forma de remuneração, especialmente no início da carreira. No entanto, essa prática levanta dúvidas sobre a sustentabilidade financeira da profissão, já que produtos e serviços não garantem estabilidade ou investimentos no próprio trabalho. Além disso, muitos criadores enfrentam dificuldades para precificar seus serviços e negociar contratos, o que contribui para a instabilidade financeira.

4. Vida solitária e sobrecarga

Para 86% dos criadores de conteúdo, a carreira é gerenciada sem auxílio de ninguém. O próprio creator acumula funções de criação, negociação, edição, relacionamento e planejamento. Esse modo de atuação, embora seja valorizado pela autonomia, pode resultar em sobrecarga, ansiedade, frustração e solidão – sentimentos relatados por quase 30% dos entrevistados do Censo. A ausência de suporte especializado dificulta a profissionalização e o crescimento sustentável.

5. Desigualdade de gênero

As mulheres são maioria entre os influenciadores (87%), mas recebem cerca de 20% menos que os homens e estão desproporcionalmente representadas nas faixas de renda mais baixa. Essa disparidade reflete padrões históricos do mercado de trabalho e evidencia a necessidade de mais equidade e valorização financeira para todas as criadoras.

6. Dificuldade de engajamento, pressão por resultados

Manter o público engajado é o maior desafio enfrentado na opinião de 50% dos criadores, seguido da instabilidade financeira (44%) e da dificuldade em manter regularidade nas postagens (44%). A pressão por resultados, aliada à mudança constante dos algoritmos e à concorrência crescente, torna a profissão exigente e emocionalmente desgastante.

Caminhos para o futuro da Creator Economy

O cenário financeiro dos criadores de conteúdo digital no Brasil é marcado por grandes oportunidades, mas também por desafios estruturais quando olhamos o todo da Creator Economy. Trata-se de um segmento em expansão, com espaço para crescimento, profissionalização e desenvolvimento de carreira, com um potencial enorme de impacto social e econômico. Nesse sentido, micro e nano influenciadores ganham destaque por sua autenticidade e poder de engajamento, enquanto as novas gerações (nativas digitais) têm uma visão mais estratégica e preparada.

Por outro lado, a monetização ainda é restrita a poucos, a remuneração média está longe do glamour e a sobrecarga emocional é uma realidade. Acordos por permuta, a falta de contratos formais e a gestão solitária da carreira são obstáculos que precisam ser superados para que a criação de conteúdo se estabeleça como uma profissão sustentável e valorizada.

O futuro da Creator Economy depende do amadurecimento do ecossistema, com mais educação, suporte especializado, valorização da diversidade e busca por remuneração justa. O papel das plataformas, agências e comunidades de apoio será fundamental para que mais criadores possam transformar seu talento em uma carreira sólida, sustentável e financeiramente válida.

A Wake Creators é a plataforma que conecta mais de 360 mil criadores de conteúdo no Brasil a milhares de marcas e milhões de consumidores. Acompanhando a jornada de negócios desde o lançamento de uma marca, produto ou serviço até a otimização das vendas, a plataforma robusta e integrada da Wake Creators permite desenvolver estratégias de comunicação eficientes, baseadas em dados reais e métricas avançadas. Quer saber como a plataforma pode impulsionar seus negócios? Então fale com a gente.